terça-feira, 17 de setembro de 2013

2 anos e 8 meses

Engana-se quem acha que já não faz diferença especificar a idade desta forma. Se você perguntar ao Fernando “Quantos anos você tem?”, ele vai mostrar 2 dedos, mas durante este segundo ano, mês a mês as novidades brotam.
Os cabelos cresceram e já formam grandes cachos novamente; as calças no início do ano já exibem as meias; os shorts resgatados nesses dias quentes estão shorter. Mas o que destacaria neste mês é o avanço na comunicação. As frases são mais complexas e completas. A imaginação corre solta. Registro aqui algumas evidências disso.

Atenção, associações e concentração:
- Mamãe, posso ver o Toy Story do fogo (Toy Story 3), por favor?
Ele assiste vídeos do início ao fim com mais frequência. Enquanto assiste, ele comenta as cenas, descrevendo detalhes e repetindo falas dos personagens. Recentemente, ele até compara: que nem o [personagem de outra história] 
- O [personagem] tá tiste/feliz/bavo.
- Cuidaaaado pessoal!
ou ainda
- Mamãe, como o neném chora? ué... E como o urso fala? “Para de ser um bebezão!”
  
O mesmo para músicas. A melhor é a da Bailarina, do Chico. Depois que escutamos inúmeras vezes, na viagem das férias, de repente ele olhou para mim com os olhos entre assustados e preocupados: Mamãe, coitadinha da bailarina, ela não tem nada! Isso mesmo, meu amor, ela não tem remela, nem febre amarela, nem calcinha velha...

Uso de pronomes:
- Tó pa mim. – ao me entregar alguma coisa
ou
- Fernando, diga bom dia para ela.
- Bom dia, ela!

-Ekiri (antes ele falava Eiki), não me lambe em mim!
-Ekiri, é MEU!

E outras tantas vezes, ele fala de si mesmo sem usar ‘eu’; o mais comum é “o Fernando” (Fernandinho, Nando, Fer).

Memória:
- Lemba que a mamãe ficou bava com o Fernando?
- Não, filho, por que a mamãe ficou brava com você?
- Porque você ficou enrolando pa tomar leite...
ou
- Leeemba que a gente foi no [local]?

Porém, a noção de futuro parece ser mais abstrata. Se dissermos “daqui a pouco”, “depois” ou “amanhã” vamos passear, ele corre para a entrada da casa, calça os sapatos (sozinho!) e quer sair imediatamente...

O uso do ‘não’?
- Filho, posso dar sua comida para o Erik?
- Qué que a mamãe não dá minha comida po Ekiri! - frequentemente gritando. Um olhar atravessado e ele se corrige:
- É feeeio falar guitando...

- Qué que a mamãe/o papai não [isso ou aquilo]

Porém, ele protesta “Não qué faze xixi”, mas se o levamos para o banheiro, ele geralmente faz...


Indo para a escola, faz parte do trajeto:
- arrancar os postes. Ele se pendura e diz: foooorça Fernando. É muito difícil arrancar...
- bater a cabeça nas árvores e/ou andar arrastando os pés, como o Pato do Pocoyo. E diz: não faz assim, Pato! http://www.youtube.com/watch?v=AzIW3i0EWFU
- ajudar o faxineiro do prédio vizinho a recolher as folhas com a pá e jogar no saco de lixo
- pegar folhas e sementes para dar para a tia
- seguir as pegadas do dragão (manchas de óleo no chão)
- perseguir as pombas

E voltando da escola,
- passar na oficina (na volta da escola), ver todas as ferramentas, martelar os pneus, esconder-se dentro da pilha de pneus
 
no começo, mãozinhas para trás...
Erik, comportado e obediente, vigiando o Fernando na oficina
 
 
... e mais recentemente, comer amoras até ficar com as mãos sujas e boca de palhaço, com cara de travessura.


 

A brincadeira favorita é com os blocos de montar. Ele explica:
- Olha que castelo maravilhoso que o Fernando fez!
- Olha a máquina de fazer torta de galinha que o Fernando fez! Tem que apertar os botões.
- Olha a máquina de tirar fotografia que o Fernando fez! Tem que olhar pelo buraco.
ou com os cubos
- Cuidado, vai cair! E derruba com um tapão...

Na hora de dormir, ele escolhe o livro: dos veículos, dos animais, da princesa, do Buzz, da fazenda... para citar alguns. E o melhor: não precisa contar a história. É só para ficar abraçado. E se ele não está tão cansado, ele fica contando sozinho a história.

A soneca da tarde está inconsistente.
À noite, ele entende bem que é hora de dormir e todo o ritual, desde a hora do banho. Ao entrar no banho, reviso as regras, que ele já cita de cor:
- Não pode fazer xixi dentro da água, não pode engolir a água e não pode jogar a água para fora.
- Isso mesmo. E quando o banho acaba?
- Quando a mamãe fala que acabou... aí o Fernando guarda os brinquedos e sai sem reclamar.
Só me resta enchê-lo de beijos! Mas quando anuncio o fim do banho, ele já sabe: Mamãe, posso ficar só mais um pouco, por favor? Geralmente eu deixo, mas bem pouco e quando volto ele sai sem reclamar.

O mês que passou também incluiu o Dia dos Pais e o aniversário da Mamãe. Os olhos brilham diante de qualquer embrulho de presente. “Vamos abrir o pesente do Fernando?” De quem, filho? “É da mamãe/do papai...qué abiiiii”, já sapateando.
 

Tendo bolo, a diversão é cantar parabéns, assoprar vela e comer bolo, claro!

 
Ah, outro evento, digno de nota foi a revisita à praia. Fomos ao Guarujá. Foi a minha estreia na maratona aquática, ao lado do meu pai, veteraníssimo. A água estava gelada, mas o dia estava lindo! A primeira sensação: ao pisar na areia fofa, ele começou a girar os pés, afundando-se e rindo. Brincou na areia, como era de se esperar, mas dei a ideia de buscar água no regador e foi a deixa para molhar os pés na água. De novo: rodando os pés e atolando-se na areia molhada, ao ver a Marina sentar-se ali, ele se sentou também e ficou mais tempo na água do que na areia. O difícil foi tirá-lo de lá para ir embora! Foi um dia muito feliz.



 

Enfim, ele fala o tempo todo. Mesmo trocando fonemas, consegue se comunicar bem com as pessoas do seu cotidiano, embora alguns precisem de legenda. Come de tudo, ainda usa fralda, corre, pula (recentemente aprendeu a pular com um pé só e se enche de elogios pela proeza), dorme bem, vai feliz para a escola, acorda bem-humorado, adora tomar banho, se diverte na natação, brinca sozinho, é carinhoso e alegre.