sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O nascimento do Alexandre



Dia 19 de agosto foi meu aniversário. Teria mais cara de inferno astral do que aniversário, não fosse o carinho que recebi de amigos e família. Eu me sentia esgotada, insegura, ansiosa, aborrecida... e certa de que aquilo não era estado de espírito para dar as boas vindas ao Ale, que poderia chegar a qualquer momento, pois o dia anterior foi o início da 38ª semana.
Dia 20 eu despachei as últimas pendências e tentei acertar as coisas que estavam me incomodando. Por sorte, o Fuji estava viajando e deixou o carro dele conosco. Assim, o Zé foi para a rotineira jornada das 5h:20min-22h com o carro do Fuji e eu pude levar e buscar o Fernando na escola com o nosso carro.
Fui dormir exausta, mas lembro que meu último pensamento foi: pronto, Ale, agora pode nascer, se quiser.
Como já vinha sendo frequente, sentia desconforto físico, mas estava emocionalmente mais serena.

Na manhã seguinte, no ritual de café da manhã e preparativos para levar o Fernando para a escola, fui ao banheiro e notei um pequeno sangramento. O Fernando estava junto e comentou:
- Ih, mãe, sangue! Você fez dodói?
- Não, filho, acho que é o Ale...
Decidimos ir para o hospital. Eu tinha preparado uma mala para nós – Zé, Fernando e eu, caso precisássemos ficar na casa do Fuji ou dos meus pais. Juntei os exames, documentos e o que mais consegui me lembrar que pudesse ser necessário.
Acho que saímos por volta das 8:30.

10h:40min - Do Pronto-Socorro, fui imediatamente encaminhada para o setor de Obstetrícia.
Fui atendida por estudantes de medicina – vejam só, da Unicid, uma delas de Botucatu! Um monte de perguntas e formulários para preencher, enquanto fazia cardiotocografia. Em seguida veio a Residente, Dra. Marília, me examinar. Enquanto se apresentava, ela explicou que ia fazer toque para ver como estava o colo do útero, mas pelo que eu relatava, era somente o ‘tampão’ mucoso que havia se desprendido, e como eu não estava perdendo líquido nem estava com contrações fortes e ritmadas, poderia ser alarme falso.
Ou não... eu estava com 3cm de dilatação e decidiram me internar.
O Zé e o Fernando me aguardavam. Fui falar com eles acompanhada pela interna, que disse ao Zé: pode ir almoçar sossegado.
Zé foi deixar o Fernando com meus pais e ia voltar para casa buscar o Erik e outras coisas.

12h: 8cm de dilatação, sem dores, apesar das contrações fortes, ainda irregulares.
Liguei para saber onde o Zé estava e dizer que não daria tempo para voltar para casa, pois eu já estava indo para a sala de parto. Ele havia pegado trânsito na saída da casa dos meus pais e estava por perto do hospital.

~13h Zé havia chegado e ficamos conversando. As contrações estavam fortes, 1 a cada 10 min.
13:30 comecei a receber ocitocina.
14:30 as contrações vinham a cada 5 min e mais fortes. Numa delas, a bolsa estourou. Senti que o Ale tinha ‘descido’. O Zé chamou a enfermeira e foi um corre-corre! A médica chegou e mandou chamar o anestesista, mas eu senti que não ia dar tempo! O obstetra chegou e confirmou: força aí porque o neném já está quase nascendo... escutei alguém comentar que tinha mecônio, feito ‘no aperto da passagem’. Também escutei alguém dizer: tá dilacerando ali (não tinha ideia de onde seria...). Vou cortar aqui. Senti o talho do bisturi...

14:59 nasceu o Alexandre Takashi, com 48cm e 3185g

Em seguida o Zé foi para o berçário acompanhar os primeiros cuidados com o Alê e de lá, foi embora. (O anestesista chegou)

Na hora seguinte, senti dores até a expulsão da placenta – desta vez pedi para me mostrarem! Senti tremores, de bater o queixo...
Senti a dor da anestesia local e dos pontos – um pontinho só, mas feito em camadas. Outro ali...
Estava cansada, com fome, com frio, mas eu só queria que tudo aquilo acabasse para ficar com o Ale, que só tinha ficado em meus braços para 2 fotos, a pedido do Zé.

16h eu fui para a enfermaria. Perguntei sobre o Ale. Tomei banho. Perguntei sobre o Ale. Jantei. Perguntei sobre o Ale...uma das internas foi ao berçário e tirou uma foto dele para mim. Disse que ele estava em observação por causa do mecônio na hora do parto e me preparou para a possibilidade de que ele pudesse ficar lá até o dia seguinte! Fiquei arrasada.

No começo da noite, entre 19h e 20h, finalmente nosso reencontro!

Minha convicção pelo parto normal se confirmou. Desta vez, pude viver o trabalho de parto com o mínimo de intervenção, muito mais ativa e consciente do que se passava do que no parto do Fernando. Para tentar resumir, me senti realizada, forte e corajosa. Pode parecer tolo se pensarmos que na geração da minha mãe ou até hoje em outros países o parto normal foi ou é o mais frequente, e lamento que eu tivesse sido uma exceção, quase uma heroína por ter vivido um processo biológico...
No fim das contas, valeu a pena ter desistido de qualquer maternidade do convênio, não ter me rendido à cobrança extra pelos honorários médicos ou caído nas conversas sobre minha idade e suposta incapacidade ou riscos do parto normal.
Além de frequentemente desnecessário, eu tinha um medo real de precisar me submeter a uma cesárea. Pensava naquelas camadas de tecido, no corte no útero, na cicatrização... e o maior temor: no Fernando e Erik pulando em cima de mim, além de imaginar a dor ao me deitar, levantar, subir escadas, carregar o Ale nos braços, dirigir etc.!
Enfim, foi uma experiência e tanto! Graças a Deus, tudo correu bem no operacional e logística para chegar e tempo à maternidade, na competência e sensibilidade da equipe, comigo e com o Ale. Agradeço às ‘meninas’, Dra. Marília e toda a equipe que me assistiu. E, claro, ao Zé, que esteve ao meu lado nesse momento tão importante de nossas vidas!

PS: Eu esqueci de registrar um detalhe, digno de nota. Ao entrar na sala de parto, vi que havia um vazamento no banheiro: escorria água pela parede onde ficava o chuveiro. Logo que o Zé chegou, vieram também 2 encanadores consertar o vazamento. Um deles saiu em seguida para buscar um peça. Eu confesso que fiquei incomodada, mas percebi que eles estavam ainda mais!
Quando estourou a bolsa e foi aquele corre-corre, a doutora pediu que ele voltasse em 40 minutos. Ele saiu de cabeça baixa, entre assustado e constrangido... e não o vi voltar.
Ou seja: meu trabalho de parto foi mais rápido que o serviço do encanador!

Última foto da barriga.

Ai, ai, ai, ai, ai. (mal consegui olhar para o Alê ainda)

Ufa, aliviou. Agora sim! Que lindo, meu Alê!

Alê no berçário. Enquanto isso, eu na Enfermaria querendo saber se ele estava bem...

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Férias de julho



Fora o clima de feriados dado pela Copa, as férias foram de 1 a 30 de julho.
Neste ano, ele começou a entender (do jeito dele) os dias da semana, feriados e férias.
Com o atraso do meu calendário letivo, julho foi a fase mais puxada do semestre e tê-lo em período integral em casa foi difícil! Mas ele sempre se diverte muito em casa e não precisar ir para a escola lhe pareceu ótimo.
Ou seja, ele não associou férias a programação especial, passeios e viagens, embora no ano passado tenhamos feito isso tudo. Acho que no fundo eu é que queria umas férias assim... eu já estava na fase barriguda e não ter que leva-lo e busca-la na escola, nas 4as, já foi um alívio. Ainda mantivemos a natação – minha e dele, que nos rendia bons momentos de descontração.
Eu planejava passear muito com o Fernando, visitar a oficina do Sr. Carlos, leva-lo a parques, talvez uma fazendinha ou revisitar o zoológico... mas o tempo foi passando e somente na última semana conseguimos sair um pouco de casa.
Dia 20 de julho fomos conhecer o Sesc Itaquera. Que lugar ótimo para crianças! Estava um dia lindo e foi tudo muito gostoso. Ele curtiu os parques e a área interna para crianças, toda coberta por tatames – mas ali ele já estava tão cansado que brigou com todo mundo porque não queria dividir as almofadas com ninguém! Estava tendo uma exposição sobre a Amazônia – vimos um filme e pudemos explicar o que é o cinema – sala com 3 lugares e um curta foram na medida certa! Depois, fizemos uma ‘trilha’ na floresta escura, com muitos sons e algumas imagens. Quanta aventura!

No dia seguinte, fomos ao Aquário de São Paulo. Achamos que ele ia adorar o jacaré, os tubarões e o vale dos dinossauros, mas ele ficou com medo... até hoje comenta: “mas dos dinossauros robôs e do tubarão na parede e dos jacarés perto do vidro eu não gostei. Só gostei do tubarão de brinquedo – porque é de borracha! E gostei do esqueleto dos dinossauros.”
Na volta do Aquário, passamos na oficina do Sr. Carlos, com direito a mexer nas máquinas (onde a luva do Paulinho enroscou e ficou toda destruída!), no jacaré, ferramentas e subir no elevador!

No fim das contas, ele se divertiu bastante nas férias em casa, com direito a passeios diferentes. Pena que a Bia passa sempre as férias em Fortaleza, porque o Fernando adoraria brincar com ela. Compramos uns móveis e organizamos o ‘espaço kids’ em casa. É uma área da sala onde o Erik não pode entrar! Ficou muito legal, mas como o inverno não foi muito rigoroso, a brincadeira rolou solta também no quintal.

Muita diversão no SESC Itaquera
De cara, um tanque de areia! Saiu de lá sob protestos...

Árvore da Sonequita

Uhu, aqui é bem alto!

O caminho das flores.

Ah, o portão está fechado...
Labirinto

Mamãe, como saio desse labirinto?


Posso entrar na piscina da centopeia?

Olha aquele peixão!

Até a escultura virou brinquedo...

Blém-blém. Descobrindo os sons no parque musical.

O maior escorregador do parque

Trepa-trepa legal (e difícil de subir!)

Mais água para brincar!

Reinando sozinho na área das crianças

Oficina de boneco de papel (depois de brigar com todos nos tatames)

Mas eu gostei mesmo foi dessas almofadas. Só não queria dividir com ninguém!




E no Aquário de São Paulo
Mãe, eu tô com medo desse jacaré!

Daquele (bem longe) eu não tenho medo...

Mamãe, eu também não gosto desse tubarão!

Aqui é bem legal. Eu gostei!
Mamãããe, eu tô com medo desse dinossauro...

Do esqueleto de dinossauro eu não tenho medo.

Nem desse esqueleto de dinossauro.

Pinguim?!
Lobo marinho?!...


E em casa...


Mamãe, aqui é meu esconderijo secreto!



Papai, posso ajudar?
 




Hoje tem jogo da copa?
Mamãe, quero fazer atividade com tinta. Por fa-vor!
Cuidando das sementes que plantei.
Papai, deixa eu ajudar, por favor!

Pausa nas obras para tomar lanche: biscoito da vovó! Yami-yami
Papai, brinca comigo? Mas eu vou fazer uma torre muito maior!

Hoje vou brincar com o "pessoal" e as letras!

O pessoal tomou banho. Mamãe, me empresta os soldadinhos (=prendedor de roupa)?
Arrumando o "espaço kids".
Que tal o meu "espaço kids"?
Que dia legal! Agora eu quero leite na mamadeira! (uma das últimas vezes que usou essa, com bico)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A gravidez para o Fernando



Impossível saber como ele processou a gravidez e a ideia de ter um irmão. Por princípio, antes do 1º morfológico decidimos não contar para ninguém. A partir desse exame, começamos a contar a boa nova para a família e amigos mais próximos. Como registrei na gravidez do Fernando, é bem estranho contar assim do nada:
- Oi, tudo bem?
- Sim, eu estou bem. Estou grávida. E você?

Mas sempre é bom compartilhar essa boa surpresa.
Porém, como o processo é longo, optamos por não contar nada ao Fernando até que eu desse sinais mais claros de gravidez. Isso só ocorreu lá pelo 5º ou 6º mês, quando a barriga começou a aparecer. Mas antes, já iniciamos uma sensibilização, perguntando sobre irmão, fazendo suposições (‘se você tivesse um irmão...’). Ele aceitou bem as conversas e quando minha barriga começou a crescer, ele dizia: a minha barriga também tem um nenê; mas a minha está ainda maior! Ele também gostava muito de dar assoprões na barriga, fazendo um barulhão! Pela manhã e à noite, dava beijos de bom dia e boa noite – na mamãe e na barriga. Outra coisa, foi experimentar todos os bichinhos de pelúcia dentro da camiseta.

Ele sentiu falta do meu colo. Reclamou umas vezes e eu comecei a carrega-lo de ‘mochila’. No final, até isso era difícil para mim, mas ele respeitou bem e passou a pedir colo para o pai. Quando íamos só nos dois para a escola, ele caminhava o tempo todo, sem reclamar. Quando íamos todos, no meio do caminho ele pedia colo para o pai, que perguntava:
- Por que você quer colo?
- Porque eu sou folgado! (alegre, achando que ‘folgado’ pode ser sinônimo de ‘educado’. Afinal, ele sempre pedia ‘por fa-vor’)

Comecei a rever com ele fotos e vídeos para mostrar como ele era careca, banguela, pequeno, não sabia sentar, nem falar, nem andar. Como ele é mais legal hoje, grande, falante, forte, como eu adoro conversar com ele e coisas do tipo. E ele se animava muito com a ideia de ensinar o irmãozinho.

Acho que desde o início ele falava em irmãozinho, mas isso pode ser porque quando começamos a falar, já sabíamos que era menino. De qualquer forma, a preferência dele era por um irmão mesmo.

Quando falamos em nomes, eu fiquei meio receosa. Ao mesmo tempo em que queria que ele participasse, temia que ele sugerisse Pocoyo, Batman ou inventasse um nome difícil de repetir – como os que ele tem inventado para os bichinhos de pano (não consigo transcrever um)... mas ele aceitou bem as opções que demos e de cara gostou de Ale, mas corrigia: Alessandro. Como registrei no post sobre o nome, insistimos em Alexandre e ele aceitou bem.

Portanto, ele não ficou enciumado nem nada. Porém, fiquei atenta às atitudes e mudanças, ou retrocessos, sobre os quais muitos me alertaram: vai querer chupeta, vai fazer xixi na cama etc. Até que não. Incluímos no repertorio brincar de nenê – ele adorava imitar um chorinho no meu colo, mas logo preferia ser grande. Ah, ele dizia: quando eu crescer, vou fazer tal coisa; e quando eu ficar pequeno, vou dormir no berço!

A única coisa que eu senti foi que ele chorava mais em resposta às mesmas broncas: não enrolar para comer, tomar banho, escovar os dentes. E alertava:
- Não limpa o meu choro! Você tem que ver que eu estou chorando...
Ou quando eu pedia:
- Respira, fica calmo.
- Eu não consigo respirar nem acalmar! E não limpa meu choro! [exigindo legenda para entender a fala]... Buáááááhh...
Sinceramente, acho que pode ser da idade, independentemente do ‘efeito-irmão’. Eu me lembro que a Bia chorava assim e até estremecia. A fase do drama.

Outra coisa que mudou durante a gravidez, não sei dizer exatamente quando, foi o ritual de dormir. Ele sempre dormiu no quarto dele; de madrugada, o pai o levava para fazer xixi e ele voltava a dormir. Em algum momento, ele começou a ter pesadelos e acordar chorando; saía do quarto dele e pedia para dormir com a gente. Até tentamos fazê-lo voltar para a cama dele – ele até voltava, mas pedia para eu ficar com ele. Então, por uma questão de conveniência, puxava ele para o meu lado e ficávamos todos na nossa cama.
Depois, ele passou a pedir para dormir na nossa cama, ao se deitar. O combinado era dormir até o xixi da madrugada. Horas depois, ia para nossa cama.
À medida que a barriga foi crescendo, eu ficava incomodada e apreensiva porque o Fernando se mexe muito e me deu uns bons chutes. Eu já estava ficando sem posição para dormir, levantava de madrugada para ir ao banheiro e/ou tinha que levantar cedo no dia seguinte (dias de aula)... então, quando ele ia para nossa cama, eu ia para a dele.
Todos dormiam melhor assim!

Enfim, acho que curtimos tudo juntos e o Fernando levou tudo com leveza!

E quando foi nos encontrar na maternidade, a constatação:
- A barriga da mamãe caiu! (e que delícia senti-lo se atirando em meus braços sem aquele barrigão)

22 de março (~17 semanas). Travessia em Ilhabela. Êba, fim de semana na praia!

21 semanas - a barriga da mamãe está crescendo!

~24 semanas. Um beijinho no Alezinho!
Quem está na minha barriga?

13 de junho. ~28/29 semanas. Oi, Alê, você está bem?

6 de julho - 32 semanas.

18 de agosto. 38 semanas. Mais 3 dias e...tumba: a barriga caiu!