Engana-se
quem acha que já não faz diferença especificar a idade desta forma. Se você
perguntar ao Fernando “Quantos anos você tem?”, ele vai mostrar 2 dedos, mas
durante este segundo ano, mês a mês as novidades brotam.
Os
cabelos cresceram e já formam grandes cachos novamente; as calças no início do
ano já exibem as meias; os shorts resgatados nesses dias quentes estão shorter. Mas o que destacaria neste mês
é o avanço na comunicação. As frases são mais complexas e completas. A
imaginação corre solta. Registro aqui algumas evidências disso.
Atenção, associações e concentração:
-
Mamãe, posso ver o Toy Story do fogo (Toy Story 3), por favor?
Ele assiste vídeos do início ao fim com mais frequência. Enquanto
assiste, ele comenta as cenas, descrevendo detalhes e repetindo falas dos
personagens. Recentemente, ele até compara: que nem o [personagem de outra história]
- O
[personagem] tá tiste/feliz/bavo.
- Cuidaaaado
pessoal!
ou
ainda
-
Mamãe, como o neném chora? ué... E como o urso fala? “Para de ser um bebezão!”
Uso
de pronomes:
-
Tó pa mim. – ao me entregar alguma coisa
ou
-
Fernando, diga bom dia para ela.
-
Bom dia, ela!
-Ekiri
(antes ele falava Eiki), não me lambe em mim!
-Ekiri, é MEU!
-Ekiri, é MEU!
E
outras tantas vezes, ele fala de si mesmo sem usar ‘eu’; o mais comum é “o
Fernando” (Fernandinho, Nando, Fer).
Memória:
-
Lemba que a mamãe ficou bava com o Fernando?
-
Não, filho, por que a mamãe ficou brava com você?
-
Porque você ficou enrolando pa tomar leite...
ou
-
Leeemba que a gente foi no [local]?
Porém,
a noção de futuro parece ser mais abstrata. Se dissermos “daqui a pouco”, “depois”
ou “amanhã” vamos passear, ele corre para a entrada da casa, calça os sapatos
(sozinho!) e quer sair imediatamente...
O
uso do ‘não’?
- Filho,
posso dar sua comida para o Erik?
-
Qué que a mamãe não dá minha comida po Ekiri! - frequentemente gritando. Um
olhar atravessado e ele se corrige:
-
É feeeio falar guitando...
-
Qué que a mamãe/o papai não [isso ou aquilo]
Porém,
ele protesta “Não qué faze xixi”, mas se o levamos para o banheiro, ele geralmente
faz...
Indo
para a escola, faz parte do trajeto:
-
arrancar os postes. Ele se pendura e diz: foooorça Fernando. É muito difícil
arrancar...
-
bater a cabeça nas árvores e/ou andar arrastando os pés, como o Pato do Pocoyo. E diz: não faz assim, Pato! http://www.youtube.com/watch?v=AzIW3i0EWFU
- ajudar o faxineiro do prédio vizinho a recolher as folhas com a pá e jogar no saco de lixo
- ajudar o faxineiro do prédio vizinho a recolher as folhas com a pá e jogar no saco de lixo
- pegar
folhas e sementes para dar para a tia
-
seguir as pegadas do dragão (manchas de óleo no chão)
-
perseguir as pombas
E
voltando da escola,
-
passar na oficina (na volta da escola), ver todas as ferramentas, martelar os
pneus, esconder-se dentro da pilha de pneus
no começo, mãozinhas para trás... |
Erik, comportado e obediente, vigiando o Fernando na oficina |
A
brincadeira favorita é com os blocos de montar. Ele explica:
-
Olha que castelo maravilhoso que o Fernando fez!
-
Olha a máquina de fazer torta de galinha que o Fernando fez! Tem que apertar os
botões.
-
Olha a máquina de tirar fotografia que o Fernando fez! Tem que olhar pelo
buraco.
ou
com os cubos
-
Cuidado, vai cair! E derruba com um tapão...
Na
hora de dormir, ele escolhe o livro: dos veículos, dos animais, da princesa, do
Buzz, da fazenda... para citar alguns. E o melhor: não precisa contar a
história. É só para ficar abraçado. E se ele não está tão cansado, ele fica
contando sozinho a história.
A
soneca da tarde está inconsistente.
À
noite, ele entende bem que é hora de dormir e todo o ritual, desde a hora do
banho. Ao entrar no banho, reviso as regras, que ele já cita de cor:
-
Não pode fazer xixi dentro da água, não pode engolir a água e não pode jogar a
água para fora.
-
Isso mesmo. E quando o banho acaba?
-
Quando a mamãe fala que acabou... aí o Fernando guarda os brinquedos e sai sem
reclamar.
Só
me resta enchê-lo de beijos! Mas quando anuncio o fim do banho, ele já sabe:
Mamãe, posso ficar só mais um pouco, por favor? Geralmente eu deixo, mas bem
pouco e quando volto ele sai sem reclamar.
O
mês que passou também incluiu o Dia dos Pais e o aniversário da Mamãe. Os olhos
brilham diante de qualquer embrulho de presente. “Vamos abrir o pesente do
Fernando?” De quem, filho? “É da mamãe/do papai...qué abiiiii”, já sapateando.
Ah,
outro evento, digno de nota foi a revisita à praia. Fomos ao Guarujá. Foi a
minha estreia na maratona aquática, ao lado do meu pai, veteraníssimo. A água
estava gelada, mas o dia estava lindo! A primeira sensação: ao pisar na areia
fofa, ele começou a girar os pés, afundando-se e rindo. Brincou na areia, como
era de se esperar, mas dei a ideia de buscar água no regador e foi a deixa para
molhar os pés na água. De novo: rodando os pés e atolando-se na areia molhada,
ao ver a Marina sentar-se ali, ele se sentou também e ficou mais tempo na água
do que na areia. O difícil foi tirá-lo de lá para ir embora! Foi um dia muito
feliz.
Enfim,
ele fala o tempo todo. Mesmo trocando fonemas, consegue se comunicar bem com as
pessoas do seu cotidiano, embora alguns precisem de legenda. Come de tudo,
ainda usa fralda, corre, pula (recentemente aprendeu a pular com um pé só e se
enche de elogios pela proeza), dorme bem, vai feliz para a escola, acorda
bem-humorado, adora tomar banho, se diverte na natação, brinca sozinho, é carinhoso
e alegre.