Faz
tempo que venho pensando num post assim.
Durante
a gravidez, fizemos longas caminhadas diárias em família. O Erik sem a guia,
sempre nos rodeando. Algumas vezes com o Skype, nos pastoreando (ele é um
border collie)... Conversávamos sobre nomes de menino e menina, como ficaria
nossa vida, projetávamos nossos sonhos nas casas bonitas que chamavam nossa
atenção, trivialidades e outros assuntos.
Quando
o Fernando completou 3 meses começamos a passear com ele. O primeiro passeio
foi no meu colo – uma voltinha no quarteirão. Logo percebi que não ia
funcionar: ele ficou tão relaxado que era difícil carregá-lo e prestar atenção
ao chão onde pisava. E com o carrinho, erramos por trilhas off road: buracos, inclinações, tampas de bueiro soltas, cocô de
cachorro, lixo, calçadas estreitas.
Com
o tempo criamos roteiros transitáveis. Calçadas planas, largas e pouco
inclinadas. Aí sentimos falta de um detalhe: sol. Tem rua que não bate sol, não
importa o horário, por causa dos prédios. Além disso, escolher um caminho que não tenha cães nas garagens
passou a ser imperativo. O Erik é tão medroso que sai da calçada e vai pela
rua...e cão em garagem sempre late protestando: hei, e eu? Também quero
passear! Desse comportamento do Erik, surgiu outro fator a se considerar no
planejamento dos passeios e roteiros: o horário. Início da manhã e final da
tarde são contraindicados. Há muitos carros e nenhuma gentileza.
Já
fui pega de surpresa por pancada de chuva e, correndo, empurrando o carrinho
com o Fernando à procura de um lugar coberto, tive que frear e aguardar na
faixa de pedestres alguma alma caridosa parar para nos dar passagem. Como se os
carros fossem derreter no chão molhado, alguns motoristas parecem se
desesperar!
Em
plena época de campanhas “respeite a faixa de pedestres”, o que testemunho com
mais frequência são quase-acidentes, colisões traseiras provocadas por algum
motorista mal educado buzinando contra um motorista gentil que pisa no freio
para nos dar passagem. Ah, sem contar que não adianta termos passagem somente
em uma das pistas da rua e escutarmos uma buzinada de quem vem na outra pista
anunciando “sai da frente que eu vou passar!”. E o que dizer das rotatórias (o
bairro aqui é cheio delas)? Várias coisas: tem gente dando seta e
segue em frente; tem gente que não dá seta e vira, sem reduzir a velocidade,
como se tivéssemos que adivinhar o trajeto do veículo; tem gente que usa
rotatória para fazer manobra; tem os que atravessam a rotatória em seu
diâmetro, o que reduzem a velocidade para ver o Erik (mas não páram)... Ah, já vi o centro da rotatória ser usado como ponto de encontro
(de pessoas).
E
a lei do Kassab sobre as calçadas? Mais uma que não pegou. Alguns precavidos
reformaram, deixando-a intransitável por um tempo, obrigando-nos a alterar o
trajeto para não ter que dividir espaço com os carros na rua.
Quando
começamos a passear com o Fer no carrinho, fiquei quase frustrada, porque ele parecia não
reparar em nada. Era mais para tomar sol, sentir a brisa, garantir o passeio do
Erik e ajudar a mamãe a recuperar a boa forma. Depois, quando ele se sentava com firmeza, passou a estender o braço e alisar todas as cercas vivas do caminho!
As flores chamavam especial atenção, mas não reparava nos transeuntes, cães,
carros. Seguiu-se a fase de curtir o papo – cantar as músicas da natação,
“conversar” – foi quando começamos a chamar a atenção dele para tudo! Agora,
ele caminha, ergue a perna para fazer xixi “igualzinho o Erik” (como ele diz),
tenta abrir os portões, fica fascinado com as fontes d’água em alguns prédios, abraça
as árvores, coleta as sementes, alisa os troncos com musgo, os muros de pedra,
de tijolo, sapateia nos canteiros de pedra e nos de grama, dá barrigadas nas
moitas, faz “méééé” quando encontramos poodles (ele acha que são carneiros),
conhece os gatos de garagem, come pitangas e amoras, caminha pelos tapetes de
flores, procura formigas, tatus-bolas, lagartas, borboletas e joaninhas... E de repente, entra na nossa frente, estende os braços e diz: “colo!
Pesado!” Exige pensarmos num estímulo para ele andar um pouco mais: vamos até
ali ver o leão (na delegacia), a água, o musgo... e assim, voltarmos para casa.
Neste
mês ele curtiu muito a decoração do Halloween! Aqui perto tem uma escolinha de
inglês para crianças, com decoração caprichada. Primeiro ele gritou: pitanga!
Acabou entrando, conhecendo a “pitcher” (teacher)
e voltou para casa com aranhas, morcegos e bexigas roxas e pretas da festa do Halloween!
Aguardamos
a decoração de Natal. No ano passado ele já tinha curtido, mas neste ano, vai
ser mais marcante!
E o
que dizer dos transeuntes? Eu fujo dos fumantes e calçadas de bar. Fora isso,
cumprimentamos os transeuntes habituais. O porteiro do prédio vizinho é
especialmente legal: ele interfona e diz “ô baixinho, esse cachorro é maior que
você” – o Fernando ainda não descobriu de onde vem a voz e a cabine do porteiro
tem insulfilm. Por outro lado, levei uma bronca do porteiro do prédio decorado
pelas moitas em que o Fernando gosta de dar barrigadas. Fiquei sem palavras na
hora, mas voltei indignada e deixei de passar por ali por um mês! O Erik nunca
fez xixi ali, o Fernando nunca arrancou uma folha e as “barrigadas” não
deformavam nem arrancavam as benditas moitas... Infeliz, não teve infância nem
tem filho!...
Fora
isso, somos abordados com frequência: “Ai, que lindo/fofo”, “qual o nome?” –
sempre por causa do Erik... ele é tão manso que muitos acham que ele é fêmea!
Todos ficam admirados com o nosso querido Erik.
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primeiros passeios de carrinho "Que Sol gostoso!" |
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primeiros passeios de carrinho "Brrr..., que frio!" |
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"Cansei...,deixa eu deitar um pouco!" |
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"Na falta de um banco, deito na calçada mesmo!" |
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"Igualzinho ao Erik!" |
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coletando sementes |
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"Um pé de pitangas!" |
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"Pitanga...1" |
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A FONTE |
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"Leão!" |
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Andando a pé |
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Andando com a mamãe e o Erik |
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Dando "barrigada" nas plantas |
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"Cansei de andar"
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