Sim, responde ele
com simplicidade e simpatia.
Mas agora, mãe, eu
quero uma ‘nenenha’. Isso deve ter relação com a Aline e a Alice, que tiveram
suas ‘nenenhas’ recentemente. A Aline não quis saber o sexo do bebê, mas ele
não tinha dúvidas diante da barrigona: é uma nenenha.
Humildemente,
respondi que às vezes tenho dificuldade de cuidar o Fer e do Alê... imagine se
tiver uma nenenha.
- Ah, mãe, mas 3 é
um número bem pequeno. 3 é pouco, você consegue (me encorajando)...
Hoje ele voltou com
o assunto:
- Mãe, tem uma
nenenha na barriga do papai.
- É mesmo? Que
legal! Como ela vai se chamar?
- Fernanda Akira.
Resgato com certa
frequência a lembrança do barrigão da mamãe. Ele diz que se lembra, mas como
nós, é como se ele já não fosse mais capaz de imaginar a vida sem o Alê.
Quando visitamos ou
recebemos alguém e sugerimos: podemos deixar o Alê com ele/ela?
- Nããããão! O Alê é
nosso bebê. Não pode.
É comum ele se
referir ao Alê como “nosso filho” ou “meu filho”; ah, às vezes, também como
“meu irmãozinho”.
Ainda na gravidez,
ele havia visto uma vantagem em ter irmão.
- Quem fez essa
bagunça aqui?
- Foi o Alê... (o
Erik deve ter ficado aliviado!)
A cada presente que
o Alê ganha:
- Vou abrir o
pacote – fosse porque o Alê estava na
barriga da mamãe ou porque ele é um bebê e não consegue.
- Mas, Alê, tem que
dividir, sim? Mãe, porque esse é um brinquedo de bebê e de criança! Os meus são
de criança.
Porém,
frequentemente o Fernando empresta brinquedos para o irmão. Ele checa:
- Mãe, esse é macio
e não é pontudo. Vou emprestar para o Alê. Esse pode, mamãe?
Quando mostro
roupas, e fotos em que ele usava as mesmas roupas, ele abre um sorriso sincero
e meio vago, procurando – em vão - se lembrar da situação descrita.
- Olha como eu
cresci!
E aí vem a parte
confusa, que ainda não decidiu o que prefere:
- Mas eu não quero
crescer.
- Mas eu ainda não
tenho 5 anos? (lágrimas brotando nos olhos)
- Hoje eu ainda
tenho só 4 anos? (lágrimas lavando as bochechas)
- Mas eu não quero
fazer 10 anos.
- Mãe, você é
grande?
- Eu sou maior do
que você, mas sou um adulto pequeno.
- É mesmo?!
- Eu quero ser um
adulto grande.
- É bem possível
que seja. Talvez até maior do que o papai.
- É mesmo? –
transparecendo dificuldade em visualizar a imagem.
- Mas eu quero ser
pequenininho. Eu gosto de ser criança. Só quando eu for adulto eu vou gostar de
noticiário.
O Fer beija, deita
em cima, abraça, cobre de brinquedos, canta, conta história, ensina o que já
sabe, pula por cima e em volta (haja coração para vigiar sem podar a
brincadeira, zelando pela segurança de todos). Isso tudo arranca as gargalhadas
mais sonoras do Alê.
Outra vantagem de
ter irmãozinho é poder mandar:
- Alê, diga dedé.
- Alê, senta.
- Alê, para de
chorar!
Mas o lado mandão
ainda não aflorou.
Ele se incomoda
quando o Alê está chorando:
- Alê-ê. Fica
calmo. Respira.
- Buáááá...
- Mãe, acho que ele
quer mamar.
E quando o Alê
adormece, lá vai ele cutucar o irmão. Ou caminhar com suas patas de dinossauro,
fazendo barulho o suficiente para acordar o Alê. Ou, ainda, tocar a corneta. Ou
soltar um ‘arroto’ (praticamente um rugido, bem forçado) bem sonoro (e em
seguida, pedir desculpas).
- Uéééé...
- Ah, Fer, por que
você acordou seu irmão?
- Ah, mãe, eu só
fui explicar para ele que tomada dá choque. [ou outras justificativas tão
convincentes e pertinentes quanto essa)
- Urgh!!!