sábado, 29 de janeiro de 2011

Feliz Lua de Leite!

Foi o que a Denise Niy (http://www.partodoprincipio.com.br/conteudo.php?src=livro&ext=html) me desejou quando soube do nascimento de nosso filho. Achei lindo e doce: feliz lua de leite! Vislumbrei o quão feliz poderia ser essa fase, após minha gravidez maravilhosa e meu parto normal (escrevi um post sobre isso).
“Foi lindo!” ou “Delicioso!” não são exatamente respostas honestas para descrever a cena do parto e só vivendo a experiência para entender sua maravilha e encanto. Convicta da fundamental importância para a saúde do bebê, para minha recuperação e para o vínculo mãe-filho, confesso que achei que seria fácil dizer que amamentar é lindo e delicioso.
Lembro-me do quanto me impressionei com minha cunhada Simone soluçando para amamentar a Bia. Até então, eu não me lembrava de ter ouvido falar sobre dores durante a amamentação, ou não havia me sensibilizado, não sei... Durante a gravidez, perguntei para amigas, e descobri que dificuldades com a amamentação são freqüentes. As dificuldades variam: mamas sem bico, o bebê não consegue pegar ou sugar, mamilos rachados e fissurados, mamas doloridas, noites mal dormidas, entre outras. Por quanto tempo persistem? “Só no começo” foi a resposta comum. A pergunta que me faço ultimamente é: quanto tempo dura o começo? Relembrando das conversas, ouvi “ah, nem lembro, só no começo”, “só no 1º mês”, “só nos primeiros dias”. Bom, o tempo é relativo e diante de toda uma vida pela frente, um ano ou mais pode ser considerado só o começo...
O Fernando aprendeu a pegar direitinho: boca de peixe, lábios evertidos e eu não tive dificuldade de posicioná-lo: barriga com barriga, cabeça alinhada com o tronco, narinas livres. Ótimo. Mantê-lo acordado foi uma das dificuldades. Doía, mas era uma dor suportável. Mas e o leite? As enfermeiras me perguntavam:
- O leite desceu?
- Acho que não, não sinto, aperto com os dedos e não sai nada...além disso, a cada pesagem ele perde peso e depois de um tempo no peito, ele solta e chora. Será que sente fome?
- Ah, tem sim! Esse é o colostro, mas logo, logo o leite desce e você vai sentir! - Após um aperto no mamilo.
Confiante de que voltar para casa melhoraria tudo, entre sair do HU e chegar em casa, parecia que minhas mamas iam explodir: quentes, inchadas, túrgidas, latejantes. Ainda não sentia o leite descer nem vazar, mas achei que mamas cheias seriam sinal de que era hora de amamentar. Após uma semana, as mamas não inchavam tanto e ainda não sentia o leite descer. Temi que o leite estivesse secando, pois o Fernando ainda mais dormia que mamava. A essa altura, meus mamilos estavam bem “magoados”. Numa consulta perguntei sobre eles e a enfermeira disse: estão ótimos! Você não tem noção de como algumas mulheres ficam!...
Imaginei que seria mais fácil se as mamas fossem transparentes: saberia exatamente o percurso percorrido pelo leite, seu aspecto, volume inicial e volume final. Pronto: saberia dizer se meu filho estava mamando bem!
Passado o 1º mês, achei que da noite para o dia, deixaria de sentir dor. Na consulta do puerpério (18/jan), a Dra. Fernanda falou: “A fase mais difícil é essa, em torno dos 40 dias, agora começa a ficar gostoso”. Estou orbitando esse período e ela me esclareceu: mais para frente você vai sentir o leite descer. Nessa fase, ainda não.
Fantasio se descer o leite é como xixi saindo ou menstruação descendo, quem sabe, lágrima brotando no canto do olho ou, mais sutil, suor sobre cada poro da pele... na verdade, nesses dias, acho que comecei a sentir algo como fluxo pelas mamas. A dor parece mais suportável em alguns dias ou mamadas, às vezes desaparece e quando acho que vai ficar gostoso, volto a sentir essa dor como agulhadas – agulha de máquina de costura!
Fora isso, ter sono e não poder dormir, sentir fome e não poder comer, ter vontade de ir ao banheiro e não poder ir abalam meu humor. Também não gosto de comer com pressa. Todas essas situações são freqüentes na amamentação.
Assim, é mais verdadeiro dizer “amamentar é um ato de amor” que, de fato, alimenta meu amor por ele. É um momento especial para sentir como ele cresceu, ganhou peso, perceber como os cílios que se alongaram, uma nova dobrinha, as unhas grandes... Mas o melhor é ver meu filho mamando, olhos fixos e mim ou mamindo (mamando + dormindo), sereno como um anjo, sentir suas mãozinhas me apertando ou acariciando e, quando vem o sono ou a saciedade, os olhinhos se arqueiam anunciando um sorriso com covinha e eu me derreto toda. Pronto, qualquer desconforto se foi e por hora, quem precisa de um babador sou eu!

Helene

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