quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Foi normal?

Além da reflexão sobre o que é importante, não pude deixar de repensar sobre o que é normal.
De alguma maneira, todo mundo compreende o que é normal e ninguém explica em poucas palavras. É comum, é freqüente, é esperado, está dentro de parâmetros de referência, é um tipo de distribuição de dados em que média, moda e mediana coincidem.
Durante a gravidez, eu já tinha parado para pensar: o parto normal parece ter virado exceção, e o parto domiciliar – que um dia foi regra – virou “alternativo”...
O parto foi normal? – vários me perguntam. Eu mesma sempre comentei com os médicos que me atenderam que eu queria um parto normal, confiante na fisiologia do processo. Porém, durante o trabalho de parto, fiquei confusa: o que há de normal nisso tudo?! Como sei que estou evoluindo normalmente? Comum certamente não é: cada parto tem uma história. No meu caso, apesar de quase ter perdido a esperança de ter um parto normal, por volta das 5h e com 1cm de dilatação, ouvi os plantonistas comentarem surpresos a rapidez (anormal) com que dilatei – e que me permitiu ter meu parto normal.
Imaginem com que freqüência o Zé, como psiquiatra, deve ouvir: isso é normal? Sou normal?
Nem sempre é confortável ser normal. Trânsito e sujeira na cidade é normal, fila em restaurante é normal, gente mal-educada é normal, pessoas vivendo em extrema pobreza é normal (e eu normalmente fico indignada com essas coisas!)... Também sempre fico incomodada quando sinto algum desconforto (dor, coceira, ferida etc.) a ponto de ir ao médico e ouço: “é normal, não se preocupe”. Ou algum resultado de exame fora dos valores de referência, mas o médico diz: “é normal”. Ter espinha na adolescência é normal (não tive, fui anormal?), ter cólica menstrual é normal (nunca tive, é normal também?), mas a gravidez é campeã: ter enjôo, intestino preso, hemorróida, varizes, edema, hipoglicemia, hipotensão, hipertensão, alterações de humor, sangramento, manchas na pele e uma lista de coisas “diferentes” (por sorte, não tive tudo isso, não!)
E com nosso filho, não é diferente: nascer cinza ou azul, descamar nos primeiros dias é normal, cocô amarelo ou verde, ficar amarelo, ter o bumbum roxo, perder peso... tudo é normal! Mas tem também o normal que nos dá segurança, como os exames de ultra-som e o teste do pezinho.
Que bom ser normal!

2 comentários:

  1. É porque normal e comum são termos parecidos, porém não são sinônimos... violência entre casais é comum, mas não normal. Uso de drogas é comum, mas não é normal...

    Aliás, parabéns pelo bebê, professora. Duvido que você NÃO se lembre de mim, tive aula com você na USP EACH, meu nome é Lígia (não a Locco)... abração!

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  2. Parabéns professora !!!

    Que o Fernando lhe traga muitas alegrias, assim como o Arthur trouxe pra mim. =)

    Bjus,

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