quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O último dia da gravidez

Naquela 6ª-feira, eu estava confiante de que o Fernando ainda ficaria na barriga por mais 2 semanas. Ainda assim, faltei na última aula de francês do ano, para encaminhar pendências que não queria adiar mais – da casa, da escola e do Bebê. Claro que não consegui fazer tudo, mas adiantei algumas coisas naquele dia cheio: pela manhã, levamos o Erik para tomar vacina. Depois, caminhamos até uma concessionária aqui perto – trocar de carro era um plano que fizemos no início da gravidez, pois não queríamos ficar muito tempo com nosso carro semi-velho e queríamos um porta-malas compatível com o tanto de coisas que se deve levar num passeio com criança. Também fui cortar o cabelo, prevendo que com a chegada do nosso filho seria mais prático tê-lo curto. Estava tão quente e meu caminhar estava tão lento, que resolvi levar o celular comigo (coisa que não costumo fazer), para pedir socorro para o Zé caso precisasse.
De volta para casa, fui descansar um pouco - bem pouco, pois logo senti um líquido quente descendo (não era xixi). Corri para o banheiro e percebi que estava vazando. Fiquei sem entender, mas tranqüila, pois aquilo não era compatível com o que entendia por “romper a bolsa” e no pré-natal, os médicos diziam que eu poderia perder um pouco de líquido no final da gestação, porém, se houvesse uma “perda importante”, era para correr para o hospital.
Eram umas 6 da tarde, estava armando uma daquelas pancadas de chuva de verão e às 7 o Zé daria treino. Discutimos o que seria uma perda importante, concluímos que naquele horário não conseguiríamos chegar a lugar algum e era melhor aguardar o final do treino.
Fiquei atenta aos sinais de dor, descrita como “dor importante”. A caminho do HU, minha barriga se contraía fortemente – deformada e dura, mas sem dor. As coisas estavam acontecendo fora de ordem em relação ao que imaginava – 1-contrações dolorosas, cuja freqüência eu pudesse monitorar; 2-rompimento da bolsa, como uma bexiga d’água estourando no chão; 3-chegada do Fernando! Tudo parecia simples e fácil assim, não? Como se o Fernando disse “Fui” e desencadeasse todo esse processo que se chama “parto normal”!
Durante o trabalho de parto, eu monitorei a intensidade e duração das contrações, mas o aparelho não media sua freqüência. Sem relógio ou celular, fiquei atenta à rádio – tocava Alpha FM – teria sido ótimo ter a companhia de classe da minha amiga Walkíria. As músicas me entretinham e o intervalo entre elas me deixava a par do horário. Consegui, assim, monitorar a freqüência das contrações até “1 por música”, o que ocorreu por volta das 4h – a Luciana, enfermeira do plantão, achou engraçado.
Depois, aconteceu tudo aquilo que o Zé descreveu no post “Nasceu!”
Engraçado recapitular isso agora: eu perguntei várias vezes sobre essa “dor importante”. Os meninos (residentes) não conseguiam me ajudar muito:
- Como uma cólica menstrual bem forte, sabe?
- Não, não sei... nunca tive cólicas menstruais. Nem vocês, né?
Tenho uma boa noção do que é importante – as lições mais importantes da minha vida, não necessariamente foram boas ou fáceis. E o que é importante não deve ser esquecido (um processo bem automático para mim). Pensando bem, a dor de trabalho de parto é uma dor importante!
Outro bom exemplo sobre o que é importante, é ter irmãos. Zé, Fuji e eu fazemos essa enquete entre amigos (É legal ter irmão?”), desde nossa 1ª viagem juntos, em 2001. Eu não tenho dúvidas de que ter irmão é importante e, por coincidência, para mim, ter irmãos não só é importante como é muito bom (embora nem sempre fácil!).
Helene

Um comentário:

  1. Gente! Que luxo!!! Eu fiz parte deste parto... Acho que vou ficar metidinha agora.

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