segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Fim da gravidez (3º trimestre)




O fim da gravidez me pareceu uma corrida contra o tempo.
Encerrar o semestre letivo foi uma meta difícil de alcançar! O semestre já começou atrasado e ficou tumultuado com greve de metrô e ônibus, manifestações, Copa do Mundo, greve etc. Por uma feliz coincidência, concentrei minha carga didática da graduação no 1º semestre, que acabou ficando puxado. Além das duas disciplinas específicas da graduação, tinha as aulas da pós. Com a escola interditada, minhas aulas ficaram pulverizadas em locais e horários diversos... Mal encontrei os amigos do trabalho e com a logística (péssima) do semestre, meus horários ficaram sempre engessados e não havia lugar para sentar e bater um papo...
Apesar disso tudo, estar grávida dá um serenidade que não sei dizer de onde vem. Também pude contar com a boa vontade dos alunos, em aceitar aulas na Semana Santa, trocas de horário, aulas num sábado e outras demonstrações de consideração e solidariedade, neste semestre tão atípico. No fim das contas, meus alunos foram as pessoas que acompanharam mais de perto esta gravidez – e agradeço pelo carinho e paparicação.
Essa foi a fase da barriga pesada, que crescia a cada semana! Embora muitos achassem que fosse uma barriga pequena, para mim, já estava bem esticada, comprimindo a bexiga, atrapalhando o sono.
Juntando a isso o cansaço e o excesso de tarefas que se acumulam ao longo do semestre, os feriados não davam conta para pôr os afazeres em dia. Consegui encerrar os compromissos presenciais ainda em julho, mas faltou pique para fechar notas e outras pendências com a eficiência que gostaria.
Levar o Fernando na escola foi ficando cada vez mais difícil também. Quartas-feiras são os dias ‘do Fê e da mamãe’. Vamos e voltamos a pé para e escola. Teve dia de chuva, de frio, de calor... eu demorava mais para caminhar. Nos dias que o Fernando não queria caminhar, parávamos para sentar em qualquer lugar, tomar água de côco, na loja da Leilane, na praça... porque eu também não conseguia mais carrega-lo e a volta para casa chegou a levar mais de uma hora!
Outro problema que surgiu neste final de gravidez foi que eu contava em fazer o pré-natal pelo convênio até o início do 3º trimestre e migrar para o HU nesta fase, atualizar meu prontuário e estar acompanhada lá, onde pretendia ter o parto. O médico do convênio já havia anunciado na 1ª consulta que não faria parto pelo convênio, mas se eu quisesse, passaria seus honorários. Eu não pagaria nem um café para ele! As consultas eram sem qualquer diálogo ou orientação; ignorei parte das prescrições e me revoltei quanto ele disse para eu não nadar. Empatia zero, só mantive as consultas por conveniência e para ter as guias de exames.
Porém, neste ano até o HU entrou em greve e cheguei a ir até lá para saber quais eram as condições de funcionamento e triagem de pacientes para atendimento. “Se chegar aqui parindo, atendemos. Fora isso, estamos em greve...”
Assim, recorri ao Hospital do Servidor Público. No início de agosto fiz a carteirinha e marquei a 1ª consulta para dia 7. A consulta foi em uma sala de aula! Uma palestra para várias gestantes, bastante informativa sobre evolução da gestação, sinais que merecem atenção, exames e períodos indicados, locais de atendimento etc. Ao final, uma passada rápida na mesa da médica palestrante para pegar guias de exames. Algumas mulheres ainda estavam no início da gestação, pois nem aparentavam gravidez; outras, como eu, já estavam com a barriga bem grande – algumas com exames e outras, pareciam estar passando realmente pela 1ª consulta...
Depois disso, ainda passei em outras 2 consultas e alguns exames. Não tive problemas para agendar, mas em uma das consultas, esperei mais de 2 horas porque tinham extraviado minha ficha. Fora isso, não tenho queixas. Isso porque sempre me vali das anotações que tinha do pré-natal do Fernando, durante o qual eu levava uma lista de perguntas a cada consulta e sempre encontrei espaço para esclarecê-las e dialogar com os que me atendiam. Várias vezes me peguei pensando: se fosse a 1ª gestação, eu estaria perdida e desorientada!... Mas para minha sorte, eu estava mais segura e tranquila sobre o que me esperava. E como já havia constatado desde o 2º trimestre, tudo estava muito parecido (fisiologicamente, digamos assim) com a gravidez do Fernando.

Durante o semestre, mantive a natação 1 ou 2x/semana até 28/julho (35 semanas). Depois, parei mais pela falta de organização e correria de fim de semestre do que por algum mal-estar ao nadar – embora já sentisse, às vezes, algum desconforto.
Em junho (~30 semanas), eu voltei a fazer yoga. Achei uma sequência para gestantes no youtube e juntei com exercícios dos quais me lembrava, da gestação do Fernando. Procurei fazer todos os dias e quando não foi possível, ficava no máximo 2 dias sem fazer a sequência. Consegui manter esse ritmo até o nascimento do Ale.
As caminhadas se limitaram às 4as, nas idas e vindas à escola do Fernando. Em outros dias da semana, sempre que possível, íamos todos juntos.

No final, senti que engordei menos, mas me sentia mais cansada e com mais coisas para resolver até a última hora. Por exemplo, somente na virada de 4ª para 5ª-f eu consegui fechar as notas da pós. O Ale nasceu na 5ª...
Somente na semana anterior ao nascimento do Ale (sem saber) eu consegui separar e preparar enxoval. Ufa, ainda bem que deu tempo!

Um exercício de que me vali muito durante toda a gestação foi mentalizar. Toda noite eu formava imagens do Ale se desenvolvendo, se movimentando, da logística de deslocamento até a maternidade, dinâmica de atendimento, parto. Sempre de forma positiva e agregando detalhes, à medida em que me lembrava deles. Pode parecer tolice, mas eu acredito que tenha feito diferença. No dia D e na hora H, pude rever tudo o que mentalizei com a nitidez de um filme!

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