O relato do Zé me fez reviver a alegria sinceramente compartilhada daqueles bons momentos entre familiares e amigos. Entre tantos abraços apertados, meus olhos sempre lacrimejavam.
Quero apenas registrar minhas lembranças, impressões e sensações sobre contar a boa nova.
A 1ª lembrança: no dia 21/abril, na festa da Marina, antes mesmo de confirmar a gravidez, mas já bem desconfiada, lembro-me de minha mãe dizer: “você está bem? Está com a cara diferente...”. Coisas de mãe, que espero descobrir com minha própria experiência!...
Outra oportunidade de contar a boa nova foi no dia das mães. A minha sempre se preocupou em nos tratar de forma igual e no dia das mães, ela, minha irmã e cunhada haviam trocado presentes. Para não me deixar de fora, minha mãe me surpreendeu com um presente de dia das mães, dado em nome do Spyke - o Border Collie do meu irmão Pipo. Ele está estudando na Alemanha, mas o Spyke fica com meus pais e sempre que eles viajam, ele fica conosco. Ele e o Erik, nosso golden, se dão como irmãos – brincam e brigam, nos rendem bons passeios e diversão.
Eu adorei e pensando comigo “meu 1º dia das mães!”, fiquei emocionada, com vontade de contar que já estava mamãe! Mas não havia combinado nada com o Zé, nos despedimos e fomos embora. Depois, ele mesmo disse que poderíamos ter contado, pois já havia feito o 1º ultra-som e tudo corria bem. Mas enfim, passou a oportunidade...
O primeiro trimestre me preocupava muito e a própria médica que fez o 1º ultra-som disse: “está tudo bem, mas se quiser esperar até o 3º mês...“. Eu sentia que tudo ia bem, me sentia bem, tudo me parecia tão diferente e ao mesmo tempo, sabia que estava tudo igual – as pessoas que conviviam comigo sequer desconfiavam.
Eu tinha que dividir isso com alguém, além do Zé. Não tive dúvidas: a Keilla. Somos amigas-irmãs desde que voltei de Botucatu para São Paulo e sempre conversamos sem censura, sobre tudo. Mesmo para ela, eu demorei um pouco; no início de abril – minha menstruação já estava atrasada e eu me perguntava “Será?...”. E quando tentava deixar esse pensamento de lado, via uma grávida pela rua (de repente elas pareciam brotar de todos os lugares!). Mas deixei passar e aguardei a confirmação. Para ela deve ter sido difícil guardar segredo porque temos muitos amigos em comum, mas foi importante para mim poder compartilhar com ela os medos, confusões iniciais e depois, as sensações boas que não queria deixar transbordar ou transparecer; me aliviou o peso de guardar segredo também.
O mais difícil deve ter sido não dividir com as outras amigas – Rose, Jack, Zoraida e Wal. Atualmente, todas moram distantes, exceto a Wal, mas temos um bate papo quase diário via email. Ainda assim, fui resistente e preferi só contar após o 3º mês. Para a Wal, conseguimos contar pessoalmente, quando fomos conhecer o novo apartamento dela e do Beto. A Keilla estava lá, claro! Foi a última vez que fiz um brinde com vinho – só um gole, simbolicamente para brindar o encontro (e antes de dizer que estava grávida).
Outras pessoas para quem abri exceção antes do 3º mês foram a Angela, o Rapel e o André –queridos amigos, mas também parceiros de trabalho, em função do que, acabei contando para justificar porque não queria compromissos para o 1º semestre de 2011.
Passado o 3º mês, foi estranho me libertar do “segredo”. A vontade de contar permanecia, porque eu me sentia verdadeiramente em estado de graça, transbordando de alegria e irradiando uma boa energia! Mas imagine encontrar com alguém do dia-a-dia:
- Oi, Helene, tudo bem?
- Tudo, eu estou grávida, e você?
De repente isso me pareceu estranho. Sem barriga ou qualquer sinal de gravidez que levantasse suspeita, antes ou após uma reunião, ou num encontro de corredor, como introduzir esse assunto?! Aos poucos, fui contando para os mais chegados, esclarecendo que não era segredo.
Contar para meus pais teve um pouco desse “como inserir o assunto”? Foi uma visita qualquer, ou dia de levar ração para o Spyke, algo assim. Conversamos sobre várias coisas, tomando chá e comendo algum petisco. Quase na hora de se despedir e já nos levantando do sofá: então, só mais uma – estamos grávidos! Eles se levantaram e deram um grito de alegria e vieram nos abraçar. Não me lembro de ter proporcionado a eles tamanha alegria em toda a minha vida! Foi muito marcante para mim e ainda me emociono ao relembrar do retrato daquela cena, registrado na minha memória.
Para D.Conceição, idem. Tínhamos combinado que contaríamos naquela 3ª-feira e quando chegamos lá, ela estava transtornada com o forno que tinha estourado, lamentando sobre os cacos de vidro no almoço, limpando o chão. Começamos a ajudar e no meio daquilo, o Zé disse “nem tudo está perdido. A senhora vai ter um neto”. Ela ouviu, mas pediu confirmação “O quê?!”. E mais um abraço para dividir tamanha felicidade! O fogão novo já é à prova de criança (cantos arredondados, forno e botões do fogão com trava)!
Por e-mail acabou sendo mais fácil e aproveitei para retomar contato com amigos com quem infelizmente não divido mais o dia-a-dia.
Agora, com o barrigão que não deixa dúvidas, volta a ser estranho. Alguns colegas, conhecidos me encontram e se surpreendem:
- Nossa, você está grávida?
- Ahã...(como bem se vê)
Helene
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